LITERATURA INFANTO-JUVENIL


Antonio Candido, em seu célebre texto “O direito à literatura”, escreve:

 

“Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações.

            Vista deste modo a literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de fabulação*. Assim como todos sonham todas as noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro horas do dia sem alguns momentos de entrega ao universo fabulado. 2O sonho assegura durante o sono a presença indispensável deste universo, independentemente da nossa vontade. E durante a vigília a criação ficcional está presente em cada um de nós, como anedota, história em quadrinhos, noticiário policial, canção popular. Ela se manifesta desde o devaneio no ônibus até a atenção fixada na novela de televisão ou na leitura seguida de um romance.

            Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito.”

 

Antonio Candido. Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1995.

 

A partir da leitura do trecho acima e das discussões realizadas no Capítulo 8, assinale a alternativa incorreta:

 

 

 


e) Os modos de organizar e de articular o pensamento e o mundo recebem força radical através do contato com a literatura. Ainda que os outros modos de fabulação mencionados acima concorram para essa organização – e não são condenáveis ou dispensáveis –, a palavra literária e sua potencialidade vão muito além deles.  
c) Lendas, novelas, séries e até mesmo as fofocas se encontram sob essa estruturação da necessidade do símbolo. No entanto, é a literatura que consegue se colocar acima dessas fórmulas que se repetem nos meios de comunicação de massa, radicalizando a significação e propondo uma reestruturação mais ampla do real e da linguagem, porque sempre renovada de significação.
d) Filmes, séries, novelas, e até mesmo as fofocas se encontram sob essa estruturação da necessidade do símbolo. A literatura é mais uma produção humana que trabalha a significação, como tantas outras, a exemplo do chiste, fofoca, lenda.
b) A função humanizadora da literatura se revela no fato de que o homem atinge sua definição por conta da necessidade de fabular.
a) Podemos afirmar que para Candido o homem tem necessidade fundamental de simbolização, aportada pela literatura.

Considerando as obras produzidas na fase de expansão da literatura infantojuvenil brasileira, assinale a alternativa incorreta.

 

 


De modo geral, retornaram elementos presentes nos contos de fadas europeus de maneira bastante próxima e sem nenhuma novidade nessa fase, como se vê em A fada desencantada (1975), de Eliane Ganem.
Identifica-se a representação da violência para um público ao qual tabus foram sempre evitados por nossa tradição, como Lando das Ruas (1975), de Carlos Marigny; Os meninos da rua da Praia, de Sérgio Caparelli, entre outros.
Questões que perpassam o preconceito racial, explorado em Xixi na cama (1979), de Drummond Amorim, e em Nó na garganta (1979), de Mirna Pinsky, se mostram presentes nessa fase.
A questão da identidade da criança e do jovem, até então intocada em outras fases da literatura infantojuvenil brasileira, é fortemente trabalhada em algumas obras desse período, como em A bolsa Amarela (1976), de Lygia Bojunga Nunes.
Problemas relativos à forte urbanização dos anos 1970 embalam O menino e o pinto do menino (1975), de Wander Piroli, que trata do cotidiano vivido em um condomínio apertado. Problemas relativos às questões de relacionamento, estão presentes em obras como O dia de ver meu pai (1977), de Vivina de Assis Viana, que trabalha a separação conjugal.

Acerca da mudança histórica percebida no fim do século XIX e início do século XX, analise estas afirmativas:

 

I- A população brasileira era eminentemente urbana, acompanhando o processo acelerado de difusão do livro que ocorria na Europa.

II- A população brasileira começa a migrar para os centros urbanos, aumentando gradual e significativamente a dinâmica da vida letrada.

III- Relacionados ao aumento da dinâmica da vida letrada, encontram-se o aumento na frequência de cidadãos às livrarias e o aumento do consumo de livros.

 

 


I e III estão corretas.
I e II estão corretas.
Todas estão corretas.
Todas estão incorretas.
II e III estão corretas.

Considerando a fase de expansão da literatura infantojuvenil brasileira, é incorreto afirmar:

 

 


A inovação temática e estética desse período é significativa.
A criação literária direcionada ao público infantojuvenil dá mostras de sua solidez e de maturidade nos mais diversos níveis.
Não são muitos autores que se lançam no cenário literário nesse período.
Este momento testemunha a ampliação e a consolidação do cenário literário infantojuvenil brasileiro.
Esse período compreende o fim dos anos de 1960 aos anos de 1990.

Considerando a literatura infantojuvenil brasileira em relação à literatura infantojuvenil europeia, podemos afirmar:

 

 


A literatura infantojuvenil brasileira se desenvolveu independentemente da produção literária europeia.
O acervo sólido da literatura europeia serviu de modelo para a nascente nação brasileira em termos de produção cultural.
A literatura infantojuvenil brasileira tem suas vertentes que respondem  exclusivamente a exigências locais.
A história da literatura infantojuvenil brasileira procurou logo de início se distanciar da produção europeia.
A longa tradição europeia infantojuvenil não pode ser comparada à recente atividade literária nacional.

Sobre a forma de se entender a história da literatura infantojuvenil, analise as afirmativas a seguir.

 

I- Um processo contínuo, pacífico e homogêneo de obras produzidas para crianças e jovens.

II- O embate entre visões e produções plurais, muitas vezes, se orientou em direção a valores fortemente imbuídos de teor pedagógico, mas se constitui precisamente pela permanência de títulos que atravessam períodos históricos determinados.

III- Um processo heterogêneo de produções literárias que se distinguem por orientações literárias diferentes as quais, no entanto, compõem um panorama ligado ao caráter criador da palavra poética.

 


Apenas II e IV estão corretas.
Apenas III está correta.
Nenhuma está correta.
Apenas II e III estão corretas.
Apenas II está correta.

Leia este trecho:

 

Dentro da sala de aula, a criança poderá desabrochar para o mundo dos significados, ou ficar apenas na superfície plana das palavras. Grande parte desse processo dependerá de como o professor apresentará a leitura e a literatura a seus alunos. Caso a aprendizagem da leitura se vincule a processos prazerosos, relacionados com a vida real e imaginária do aluno, o esforço exigido na sua aprendizagem terá algum sentido, já que levará ao sujeito um canal inesgotável de informação, conhecimento, divertimento, crescimento etc. (BRENMAN 2005, 64).

De acordo com o trecho apresentado, assinale a alternativa incorreta:

 

 


e) Para a escola fica toda a responsabilidade de inserção e de permanência do incentivo à leitura, o que difere no caso de crianças que têm pais leitores. Uma família que aprecia livros e que tem experiências positivas com a literatura acaba estimulando seus filhos a entrar nessa dinâmica.
d) Como experiência, a leitura e a literatura podem ser reguladas pelo prazer, pelo desejo, pela necessidade, pelo encontro do leitor com o texto. Esse caminho do encontro é função da escola oferecer.
c) A leitura não é questão de hábito, mas de ato. Isso implica não ser apenas resultado de um esforço cotidiano, mas do envolvimento contínuo orientado pelo desejo e pelo investimento de si.
b) Se o ato de ler for entendido como simples exercício repetitivo, decodificador e sem exploração da significação, o aluno pode não desabrochar para tal ato.
a) A leitura é questão de hábito e, portanto, deve ser trabalhada repetitivamente.

A escolarização da leitura literária é, ao mesmo tempo, a solução e o desafio do trabalho com a literatura em sala de aula. De acordo com as discussões apresentadas no Capítulo 8, analise as afirmativas a seguir como V verdadeiras ou F falsas.

 

(    ) Um desafio relacionado à escolarização da leitura literária é o fato de sua abordagem recair na prática da decifração, da obrigação e da comprovação da leitura. Sua concepção de texto é aquela de um único sentido, regulado pela biografia do autor ou pelo cânone.

(    ) Segundo Edmir Perroti, essa abordagem provoca o surgimento de ledores, sendo exatamente o que faz a prática do ensino brasileiro, de modo geral, e não de verdadeiros leitores.

(   ) Há estudiosos que advogam a favor de a escolarização da leitura literária se dar sem cobranças, sem comprovações, de modo que seja orientada pelo desejo e liberdade do leitor.

(    ) Para essa abordagem, não há qualquer substituição que possa ser feita no texto literário em si, isto é, o texto literário deve ser apresentado aos alunos sem qualquer adaptação, facilitação, comentário, interpretação etc., uma vez que é com o texto em si e sua estrutura singular, inimitável e insubstituível que o aluno deve entrar em contato.

(    ) A variedade de títulos e de gêneros é indicada porque várias são as inclinações dos alunos e porque o repertório da literatura é quase da ordem do infinito.

 

A sequência correta é: 

 

 

 


V, V, V, V, F.
V, V, V, F, V.
V, F, F, F, V.
V, V, V, V, V.
V, V, F, F, V.

Assinale a alternativa que não apresenta o nome de uma obra que se destaca na produção de literatura juvenil contemporânea.

 

 


Bicho solto, de Ivan Sant´Anna, pela Editora Objetiva.  
Pena de ganso, de Nilma Lacerda, pela Editora DCL.
A vida íntima de Laura, de Clarice Lispector, pela Editora Record.
Luna Clara & Apolo Onze e P.S. Beijei, de Adriana Falcão, pela Editora Salamandra.
Lis no peito: um livro que pede perdão, de Jorge Miguel Marinho, publicado pela Editora Biruta.

Um dos autores contemporâneos é Ricardo Azevedo, que publicou em 2006 O livro dos pontos de vista. Como sinopse da obra, aquele texto utilizado para divulgação do livro em que se apresenta uma espécie de resumo a fim de despertar o desejo de leitura no leitor, lemos o seguinte:

 

Mãe, pai, filho, filha e quatro animais de estimação: oito histórias, oito maneiras diferentes de ver a vida e avaliar as situações mais comuns do dia a dia. Cada um fala sobre o outro, e como se contradizem! Que diversidade e riqueza de pontos de vista!

 

Considerando essa estruturação de sua obra, analise estas afirmativas:

 

I- O livro dos pontos de vista parece ser constituído por uma multiplicidade de vozes e modos de dizer, que criam o todo da obra.

II- A pluralidade de pontos de vista é matéria apenas do conteúdo e não se realiza no plano da expressão.

III- Os oito personagens, dos quais quatro são animais, têm direito à voz e a pontos de vista. O aspecto de conferir caracteres humanos aos animais remonta à tradição das fábulas e contos de fadas. 

 

Está correto apenas o que se afirma em:  

 

 


II.
I e III.
II e III.
I e II.
III.
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